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A FORÇA DE UMA MULHER

As mulheres têm uma força que ninguém é capaz de entender, buscam inspirações dentro delas mesmas para superar cada obstáculo que vêem pelo caminho, com o câncer não é diferente.

Por Luana Ribeiro, Leonardo Ferreira e Juliana Moreira

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Medo, dúvida, insegurança. É mais ou menos assim que os sentimentos se confundem na mente de uma paciente com câncer de mama. Medo do desconhecido. Afinal, quais serão os tratamentos? Medo de dar errado. Medo de não conseguir ir até o fim. Dúvida daquilo que nem a medicina tem resposta. "Por que comigo?" questionam. E a insegurança de não conseguir ter controle sobre o que está por vir, afinal os tratamentos são longos e os efeitos colaterais marcantes.

Ana Paula é uma dessas mulheres, é daquelas que nunca imaginou ter um câncer. No começo ela não quis aceitar que estava com o câncer de mama. Tinha filho pequeno que demandava atenção e precisava cuidar dele. Uma mãe coruja, não pode ficar doente, pensava. Ana passou por todos os tratamentos, amava as madeixas loiras e as perdeu. O filho aprendeu a fazer carinho na careca da mãe e enquanto ele fazia, Ana passou por todas as sessões de quimioterapia, viu depois seus cabelos dourados nascerem ainda mais bonitos e o brilho no olhar, aquele que ela tanto relutou em perder, voltou ainda mais forte. Ana é uma dessas forças incontroláveis.

O câncer de mama é o segundo que mais atinge mulheres. Até 2022 serão 66.280 novos casos por ano, aponta o Instituto Nacional do Câncer (INCA). É uma doença que se inicia quando as células da mama começam a crescer fora de controle, gerando células anormais que se espalham formando um tumor. 

 

DIAGNÓSTICO

Mais do que alertar sobre a prevenção do câncer de mama é fundamental conhecer a importância que envolve a prática do autoexame. Muitas mulheres reconhecem o nódulo por meio do toque e isso tem projetado inúmeras chances de cura nos tratamentos. 

“Com a minha experiência diria: sejam investigativas, proativas, façam exames periódicos, autoexames e nunca deixem que o medo de descobrir ‘algo ruim’ dominem suas mentes e ações. O medo é o principal catalisador do avanço da doença. Os casos de diagnóstico de câncer têm sido muito mais frequentes em mulheres jovens, e os números aumentaram em todas as faixas etárias. Então, façam autoexame, procure um especialista e façam o exame de rotina”, diz Valéria da Silva Araújo, diagnosticada com câncer de mama.

A prática do autoexame é uma forma de cuidado e conhecimento corporal já que muitas mulheres têm medo, vergonha e insegurança em relação ao próprio corpo. O autoexame vai além de prevenir-se de um diagnóstico de câncer de mama, tornou-se uma prática fundamental de zelo e de autoconhecimento. Assim, a mulher passa a cuidar de sua saúde ao mesmo tempo em que conhece sua essência: o corpo feminino. 

É importante saber que a prática do autoexame não substitui o exame de mamografia. Com essa prática, a mulher pode reconhecer alterações na mama e procurar especialistas, podendo ser um ginecologista ou mastologista, que são os profissionais especializados em mamas. Além disso, o autoexame não é visto como um método de prevenção contra o câncer de mama, mas ajuda a ter uma boa percepção do próprio corpo e de suas mudanças. Neste momento de busca do diagnóstico, surge a importância de realizar corretamente a mamografia. 

A mamografia é um exame gratuito podendo ser marcado sem o encaminhamento médico pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O exame é feito por um aparelho de Raio-x chamado mamógrafo, nele a mama é comprimida para fornecer uma melhor imagem, tendo como objetivo detectar tumores malignos na mama, e por isso pode causar um pequeno desconforto. Deve ser realizada a cada dois anos por mulheres acima de 50 anos, segundo recomendação do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

 

TRATAMENTO

O processo mais comum na hora do tratamento em busca da cura, é a cirurgia de retirada da mama, mais conhecida como mastectomia. Processo muito temido pelas mulheres, trata-se da perda total ou parcial dos seios. ​

‘’Para essas reconstruções existem diversas técnicas, sejam elas usando os tecidos da própria mama operada, utilizando tecidos de outras áreas do corpo como as costas ou o abdome, além do uso de implantes de silicone’’, informa o mastologista do Instituto MastoVida Dr. Belmiro José Santos de Siqueira.

A exceção daquelas cujo quadro clínico não oferece condições para isso, ou seja, caso o estado da paciente ofereça riscos a sua saúde, a reconstrução não será feita imediatamente. Caso contrário, a reconstrução mamária imediata é um direito de cada mulher e possuem técnicas que se adequam a cada caso. 

Outra parte do tratamento que causa muitas alterações no corpo e na mente das mulheres são as quimioterapias. A quimioterapia é um tratamento que utiliza medicamentos para destruir as células doentes que formam o tumor. Um processo repleto de efeitos colaterais e muito autoconhecimento. É nesse momento que os cabelos caem e uma fase de descobertas se inicia. 

AUTOESTIMA

A autoestima é um dos assuntos que mais desafia as pacientes. Ninguém imagina perder traços tão fiéis à estética feminina para um câncer de mama. Mas são nesses momentos de insegurança que mulheres recuperam os conceitos de autoestima e desenvolvem força para superar o processo enquanto passam a cuidar de si mesmas.

Tatiane teve câncer de mama aos 28 anos. Sempre vaidosa, buscou maneiras de superar os desafios impostos pela quimioterapia. Sua grande aliada foi a maquiagem. Aprendeu pesquisando na internet e isso a ajudou no processo. 

Boas notícias são sempre bem-vindas, principalmente se for sobre a saúde de algum conhecido. Mesmo com várias sessões de tratamento e noites dolorosas, o otimismo, por mais difícil que fosse o momento, estava presente na vida de Marília Pimentel, que recebeu em certo dia a notícia de que estava “tudo zerado” pelo seu médico. A quimioterapia não só diminuiu como fez desaparecer o tumor. A vida agora tem um novo sentido.​

Os processos da quimioterapia alteram as células do couro cabeludo de forma que elas acabam morrendo, resultando na queda do cabelo. A ideia de se ver careca por um tempo é bem desafiadora para muitas pacientes.A empresária Nina Logan, conta que perder o cabelo foi uma situação delicada já que ela tinha fios bem longos e não estava acostumada com o cabelo curto. Assim que soube do câncer, aderiu a um corte moderno e estiloso enquanto os fios não caiam totalmente. Esse seria o ponto de partida para nascer uma nova mulher.


Nina fez das sessões de quimioterapia um momento de resgate da autoestima. Vários truques de maquiagens, perucas e lenços. “Eu só vou para a minha quimioterapia maquiada e com peruca, agora que o tempo está quente estou indo careca mesmo. Adoro a minha careca”, conta ela. A empresária, que fez sua última sessão de quimioterapia recentemente, criou um perfil no Instagram para inspirar outras mulheres que estão passando pela doença.


Ela compartilha, além de dicas e alertas sobre a prevenção do câncer de mama, os desafios de uma mulher que se viu diante de um processo longo e doloroso, mas que agora vê o seu eu feminino transformado por inteiro.

Cada mulher possui sua própria forma de se aceitar novamente, aceitar seu corpo e sua aparência após o câncer de mama, umas usam maquiagens, lenços e peruca outras apenas se vestem de otimismo, mas todas elas são revestidas de uma força e coragem incomparável, que não as faz querer desistir de nada. Ficam abaladas sim, mas seguem de cabeça erguidas sendo mães, profissionais, amigas, sendo mulheres.

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