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OS TRANSTORNOS ALIMENTARES PELO OLHAR DA PSICOLOGIA

Em entrevista com Joice Santos, psicóloga e coach de emagrecimento, ela fala sobre os transtornos alimentares e como isso pode afetar na vida das pessoas, principalmente das mulheres, que são mais atingidas pela doença. Via e-mail contou à Revista DELA, como a mulher sempre foi cobrada para sempre estar muito bem arrumada.

Porque há uma maior busca por parte das mulheres em cumprir os chamados "padrões estéticos"?

Sempre foi considerado quase inadmissível, uma mulher não estar maquiada, com a cabelo impecável e com uma vestimenta bonita, mesmo tempo passado horas da noite em claro com o cuidado com o filho, por exemplo. A ditadura da beleza, traz a todo tempo um novo modelo a ser seguido, um corte de cabelo, um estilo de roupa, e mesmo sem perceber, nós mulheres somos envolvidas emocionalmente nesse universo e em menor ou maior grau estamos a todo tempo “correndo atrás da máquina” para nos adequarmos às tendências. Assim foi se construindo a alta exigência da mulher por padrões de beleza. Uma mulher forte emocionalmente, com a autoestima elevada, vai saber lidar com essa situação de forma mais natural possível sem deixar se abalar ou influenciar suas escolhas. Dessa forma, é importante que o contexto familiar desconstrua a cultura do machismo e empodere cada vez mais as mulheres a fazer suas escolhas de forma consciente, respeitando seus gostos e preferências. E obviamente não estou fazendo campanha para que as mulheres não cuidem de seu corpo, até porque é uma questão de saúde, e deixe de lado a vaidade, porém deve-se fazer em busca do bem estar físico, emocional e pela busca do amor próprio e não por que a mídia ou alguém exige.

Qual a relação entre uma alimentação saudável e o desenvolvimento de distúrbios alimentares? 

A alimentação saudável é um hábito, ou seja, um comportamento, como qualquer outro comportamento aprendemos e desenvolvemos desde cedo. Então se temos comportamentos alimentares saudáveis desde a infância, nos tornamos adultos com hábitos saudáveis ou em determinado momento da nossa vida adulta buscamos por isso. Seguindo esse ciclo a tendência em não desenvolvermos distúrbios alimentares é grande, pois o indivíduo se torna um adulto que aprendeu desde cedo a se relacionar de forma madura e tranquila com a comida. Porém não é regra, questões emocionais, perdas significativas, pessoas com depressão, ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo estão propensas a desenvolver um distúrbio alimentar.

Quais os tipos de distúrbios alimentares que mais acometem mulheres e como eles afetam tal público? 

A busca insana pelos padrões de beleza, fazem com que os maiores índices de distúrbios alimentares sejam acometidos em mulheres, independente de qual for os distúrbios, eles geram em maior ou menor grau, ansiedade, depressão, dificuldades de relacionamentos interpessoais (e aqui compreendem os amorosos e de trabalho), ou seja interferem diretamente na vida social e na autoestima. Abaixo segue alguns dos principais distúrbios alimentares, segundo o DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).

Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo: Comportamento de esquiva ou restrição da ingestão alimentar.

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Anorexia Nervosa: Restrição persistente da ingesta calórica, medo de ganhar peso ou engordar, acompanhado pela perturbação na percepção do próprio peso ou própria forma, por sua vez, o indivíduo mantem um peso corporal abaixo do esperado para sua idade e gênero.

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Bulimia Nervosa: Episódios recorrentes de compulsão alimentar, com comportamentos compensatórios inapropriados para impedir o ganho de peso, como por exemplo vômitos auto induzidos e uso indevidos de laxantes.

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Transtorno de Compulsão Alimentar: Episódios recorrentes de compulsão alimentar, com sensação de falta de controle sobre a ingestão do alimento.

Em um ponto de vista mais atual, o quanto as redes socias podem ser desencadeadoras de transtornos alimentares? 

As redes sociais ditam tendências, estilos, padrões que na maioria das vezes não são aplicáveis ou atingíveis para quem não vive diretamente naquele universo. Uma musa fitness ou uma modelo de passarela, vivem da sua imagem, seu corpo é seu instrumento de trabalho, por isso eles praticam dietas altamente restritivas e rotina de treinos incansáveis, pois essa condição é inerente a profissão deles.

Por mais que tenhamos uma alimentação saudável e uma rotina de treino equilibrada, que é o cenário ideal para manutenção da nossa saúde, não atingiremos um corpo igual a de uma musa fitness, por exemplo. O indivíduo que não tiver esse entendimento, se sentirá frustrado e emocionalmente abalado ao não alcançar esse padrão e a tendência é experimentar de forma desequilibrada dietas e comportamentos inadequados (como uso de medicamentos desnecessários), gerando assim transtornos alimentares.

Quais os cuidados que devem ser tomados quando se tem um diagnóstico de algum transtorno alimentar? 

Primeiramente levar a sério e buscar ajuda profissional. Médicos, Psicólogos e Nutricionistas, vão saber conduzir o tratamento de acordo com a particularidade de cada caso. Não ignorar o que está sentindo e não ter vergonha de pedir ajuda são pontos essenciais para o tratamento. Fingir que nada está acontecendo só vai piorar a situação. Evitar ler demais sobre o assunto, pois temos hoje um turbilhão de informações, porém nem sempre de fontes confiáveis e se automedicar também não vai contribuir, pelo contrário só vai levar a uma evolução negativa do caso.

Se não consegue fazer isso sozinho, peça ajuda a quem você confia ou se sente mais confortável. E caso você tenha algum familiar ou amigo que está passando por isso, não feche seus olhos, ajude-o, mesmo que ele não queria. A maioria das vezes a pessoa não se reconhece dentro desse processo e por isso chega ao extremo. É isso que faz acentuar o transtorno. O importante é saber que transtorno alimentar tem tratamento.

Como a busca por padrões estéticos podem afetar o corpo e a mente?

A busca por padrões estéticos se não aplicada em dosagem moderada traz inúmeras consequências para saúde seja física, emocional ou mental. Em grau moderado a pratica de uma dieta equilibrada, exercícios físicos e até alguns tratamentos estéticos, vão nos proporcionar saúde física, consequentemente mental e emocional, pois eleva a autoestima, auxilia no controle de ansiedade e por isso diminui a probabilidade de outras doenças emocionais. Porém, se essa busca for de maneira obsessiva, sem acompanhamento de profissionais qualificados, e sem propósito apenas para se sentir pertencente a um grupo ou tentar seguir o que a mídia impõe, o indivíduo tende a desencadear transtornos alimentares, pois vai buscar inadequadamente seguir dietas e restrições alimentares, assim como psicopatologias, como ansiedade, depressão, por exemplo. O cenário ideal, é desde muito cedo buscar o equilíbrio físico, emocional e mental. O indivíduo com a autoestima elevada, não vai se deixar abalar por padrões estéticos. Uma dica que dou como Psicóloga e Coach de Emagrecimento é: Busque ser o seu melhor! Encontre a sua melhor versão. Para você se sentir bem consiga mesma. Não se deixe abalar por padrões que não fazem sentido de serem aplicados no nosso dia a dia. Quem está bem emocionalmente e se valoriza, vai ter alguém ao lado que te dê o mesmo valor.

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