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PRAZER FEMININO: POR QUE TÃO POUCO EXPLORADO?

O tabu do sexo sempre prevaleceu sobre a mulher, mas isso têm mudado e cada vez mais mulheres querem explorar seu próprio prazer.

Por Jéssica Machado e Júlia Araújo

A maioria das pessoas acabam criando uma grande barreira em volta desse assunto, ainda mais as mulheres que, muitas vezes, se sentem reprimidas em falar sobre sua sexualidade e corpo, o que dificulta bastante a discussão sobre o prazer feminino e, consequentemente, as afasta da possibilidade de terem uma vida sexual mais prazerosa. Pelo menos até o século XIX, os corpos das mulheres ficavam limitados a procriação, era dado o direito do prazer apenas para os homens, colocando a mulher em uma posição de submissão. Esse cenário trouxe para nossa sociedade o tabu acerca de falar de sexo e, acima de tudo, sobre a sexualidade feminina. 

Em um contexto em que há pouca discussão sobre a questão da mulher poder ter prazer sem precisar de um parceiro e de procriar, ficamos presos em um quadro no qual a mulher não conhece seu corpo e nem seus pontos de prazer. Segundo pesquisa de 2016 do Projeto de Sexualidade (Prosex), na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, metade das mulheres brasileiras tem dificuldades de atingir o prazer. Já entre os homens, são apenas 3,5% que afirmam ter esse problema. Além disso, 67% das três mil entrevistadas de todo o país experimentam dificuldade para se excitar e quase 60% sentem dor no sexo com penetração. 

Ouça agora a psicóloga e sexóloga Cristiane Yokoyama a respeito do prazer feminino em nossa sociedade: 

ORGASMOS

A dificuldade do orgasmo feminino é um assunto frequente entre os homens e as mulheres, porém não é tão difícil atingi-lo como pensa a maioria. Reconhecemos que as mulheres têm a dificuldade de entrar em contato com o próprio corpo por diversas razões e chegam a uma situação extrema de fingir orgasmos com os parceiros como Renata Mantovani: “às vezes começo a relação querendo, mas passa e eu quero que termine logo, então finjo”. 

Há também o fator estético instaurado pelos sites pornográficos em que a mulher tem que ter um corpo ideal para dar prazer ao homem e quando se depara com a realidade, as mulheres se envergonham e dificultam o prazer da relação sexual, como Monick Mantovani que afirmou ter vergonha por inexperiência, por não saber se estava fazendo certo e como não tinha o costume de se depilar, tinha vergonha dos pêlos. É importante que, a partir de toda relação sexual, a mulher entenda que conhecer seu corpo é fundamental para sua saúde física, mental e o desempenho sexual vem automaticamente. Explorar e entender o próprio corpo irá ajudar a conquistar seu orgasmo e, muita das vezes, sem a necessidade de um parceiro. 

O orgasmo pode ser atiçado e sentido de várias maneiras. Há diversos tipos de orgasmo além do clitoriano, como o vaginal, o do ponto G, ponto U, através de sexo anal, estimulação dos mamilos e vários outros. A maneira como você o atinge, não importa, o importante é a sensação de prazer que ele te trará.

Ouça agora as especialistas Lisiara Rocha, terapeuta sexual e Cristiane Yokoyama a respeito do orgasmo feminino:

MASTURBAÇÃO

Enquanto a masturbação feminina for um assunto que ainda cause desconforto e seja evitado, a mulher não terá uma relação boa com seu corpo e, consequentemente, não alcançará prazer em suas relações sexuais, uma vez que desconhece a intensidade das sensações que ela pode atingir. “O prazer é um caminho a se trilhar, não é algo pronto”, comenta a sexóloga Marcelle Paganini.

A mulher tem uma região pélvica que deve ser estimulada sem julgamentos, como o clitóris, uma região destinada somente para o prazer feminino. Sendo uma descoberta recente, o clitóris tem o dobro de terminações nervosas em comparação ao pênis. Este órgão é quase todo interno, mas temos externamente a glande coberta por um capuz chamado de prepúcio e toda a estrutura do clitóris cresce quando estimulado. 

A masturbação feminina é, sobre tudo, cuidado com sua saúde intima e ganha uma maior importância uma vez que o autoconhecimento traz benefícios para a mulher aprender a lidar e cuidar de sua vida sexual e assimilar o funcionamento do seu corpo. Algumas mulheres relatam que se sentem até mais confiantes após o ato, como comenta Clarice Lagares, estudante de 19 anos.Quando a mulher passa a explorar suas zonas eróticas, suas sensações e criar uma relação mais íntima com seu corpo, ela toma o controle de seu prazer. Muitas vezes a responsabilidade de atingir o ápice no sexo é passada ao parceiro, mas não se deve esperar que o outro saiba lidar com um corpo diferente, por isso, ter o conhecimento do seu prazer é importante já que você poderá guiar seu parceiro por seus pontos favoritos e tornar o sexo mais prazeroso. 

SEXO SEGURO

Ainda em uma discussão cultural machista, o preservativo interno – também conhecido como camisinha feminina – não recebe muita atenção já que todo o direcionamento da campanha do sexo seguro cabe ao preservativo usado pelos homens, aquela camisinha externa distribuída em postos de saúde e com grande exploração comercial. A eficaz de ambos preservativos é a mesma. Os dois protegem de doenças sexualmente transmissíveis, além de serem modos contraceptivos, porém a camisinha feminina não é tão popular. A falta de divulgação, o preço elevado e a aparência estética que o preservativo traz a vulva, acaba por não facilitar o uso entre as mulheres. 

Poucas pessoas sabem, mas a camisinha feminina pode ser colocada até oito horas antes do sexo, diferente da masculina que o homem precisa primeiro atingir sua ereção. Essa pequena diferença pode facilitar muitas vezes a vida da mulher que sai de casa com a intenção de ter uma relação sexual. Por mais que muitas mulheres reclamem de aparência que a vulva recebe ao estar com o preservativo, os anéis externos que ficam em contato com os grandes lábios podem ajudar no seu prazer. O ato de inserir a camisinha no canal vaginal pode se tornar uma estimulação erótica, assim como o seu uso, como comenta a sexóloga Cristiane Yokoyama: "dependendo da posição que o casal adota, a mulher pode sentir prazer no ato. Esse produto não foi muito bem explorado comercialmente por falta de adesão da população, apesar de ter muitas vantagens”. Com o preservativo interno - também usado para sexo anal - e externo disponível para o uso, é sempre bom relembrar que não se deve usar ambos na mesma relação sexual, se deve escolher entre um ou outro para a realização do sexo seguro.
 

Cristiane Yokoyama - psicóloga e sexóloga.
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Cristiane Yokoyama - psicóloga e sexóloga
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Lisiara Rocha - terapeuta sexual.
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